quinta-feira, 24 de março de 2011
Sobre vida
Passos apressados pelo corredor. Há muito tempo estava atrasada para o compromisso, mas adiara. Adiara tanto que quase esquecera o porquê daquilo tudo. Só sentia a mesma irritação do início. Até a alegria dos outros a irritava. As vozes, as interferências. Os sons desconexos do ambiente lotado. A cabeça doía. Queria poder ficar em casa com seus botões e tranças. Não queria interagir tanto com o mundo, pelo menos não daquela forma. As pessoas se transformavam em seres irritantes, cheias de rotinas vãs. Viviam de olhar os outros e julgá-los pelos próprios defeitos. Um acúmulo de carências despejado em vícios e exageros. Mundo de solitários de si mesmos. Intolerância. Por isso é fácil matar. A vida vale muito pouco quando se esquece de quem se é para viver uma vida qualquer. O mundo é feio onde o homem chega. Nós destruímos, sujamos e achamos bonito coisas da moda. Ela passa e se morre ao ver a beleza criada se transformar em algo ridículo. É o mundo jogando na cara: você é um tremendo ridículo! Esqueça o que um dia amou. Amanhã não te serve mais. Cuspa no que é do outro. Ele não vale o que toca. Gaste todo o seu dinheiro. Só guarde o necessário para ter a sua casa, ali se isolar do resto insuportável e para se proteger do que te contesta. Fique no seu canto e eternize as suas manias. Cuide só dos seus. Ignore o pesar alheio. Você também não é feliz.
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